quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Incêndio na Serra do Caramulo


CARAMULO 2013
Celso de Lanteuil
Algum lugar do globo, 02 de Outubro de 2013
Sobre o incêndio que destruiu grande parte da Serra
Distrito de Viseu, Centro-Norte de Portugal
 
A Serra do Caramulo ardeu
O fogo comeu a vida
O Caramulo queimou e sofreu
Uma dor que tirou e matou
 
Nenhuma esperança brotou da terra
As chamas já de longe avisavam
Eu machuco, eu queimo, eu destruo
E o Caramulo recuou, cedeu seus pulmões
 
Na expressão de uma fúria jamais vista
Se encolheu para aceitar sua condição
E do que aquela Serra fez um dia crescer
Viu nesse surto de horror desaparecer
 
Pessoas resistiram
Bombeiros lutaram
Até suas vidas doaram
Mas nada, nem ninguém teve forças
 
Nem o povo da terra
Que da terra entende
E da terra vive, sofre e sorri
Nem mesmo seus bichos, sua natureza irmã
 
Ninguém conseguiu
Convencer esse fogo enraivecido
Que era hora de parar
Que era tempo de deixar a vida seguir
 
O Caramulo ardeu
E só não queimou mais porque, dizem os locais
Era preciso alguma mata sobreviver
Viver para nos fazer lembrar de muitas coisas
 
Do nascimento, da luz, da infância
Do crescimento, do aprender e lutar
Que vida plena é amor, saber cuidar e respeitar
Compartilhar conhecimento, fraternidade e sonhos
 
Por isso dizem por aí que o Caramulo não pode desaparecer
Por que se morre uma Serra como essa
A vida respira pior
E o homem tem menos histórias para contar e abraçar
 
 
 
World Press Photo, Amsterdam 2013
Daniel Berehulak, 3rd Prize
General News Stories
Australia, Getty Images
 
Uprooted pine trees lie over a beach in Rikuzentakata, Japan
A year after the March 2011 Tsunami
Up to 40 percent of its population (over 23.000) was lost


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