domingo, 13 de março de 2016

Piano e Violino, escrito no ato...

 
Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto
Casa da Música, Porto, Janeiro de 2015
Espetacular!

UNICEPE, 52 ANOS
Porto, 19/11/2015
Celso de Lanteuil
 
Piano e Violino, escrito no ato…

E o violino foi colocado ao ombro. Ela se posicionou e fez soar o primeiro acorde. Não havia como deixar de se perceber a luminosidade criada ao seu redor. Pode o som iluminar? Esta é a pergunta que me vem ao pensamento. Chega de uma voz que logo se cala, antes mesmo de eu descobrir a resposta, mas é claro!
 
No mais, somente o silêncio, além desse momento.
 
A pianista Olga Vasilyeva inicia seus movimentos e faz progressões que se misturam aos solos da jovem Lia Yeranosyan. Fazem uma parceria de sons, onde suspiros, impressões e diálogos em notas musicais sussurram, criando um sentimento que nos conduz aos bons sonhos.

São emoções que misturam Armênia, Rússia e Portugal, e nos revelam que o mundo é um só, e de todos nós.
 
Me deixo levar por essa magia de sonoridade, onde tempo e vida não se escondem.

Guerra e paz. Vitória e derrota. Tragédia e amor. Luta e dor. Saber e opressão... Liberdade e criação se tocam, e se estranham. Brigam e avançam, morrem e renascem.

Nós seguimos com essas conversas que conspiram e reinventam nossa trajetória. E encontramos a vontade de buscar a vida, e de querer caminhar por esse património comum que a música é capaz de criar. Prosseguimos nesse território onde as concertistas executam seu ofício com coração e técnica, tornando essa noite numa ocasião de esperança. Convictos, acreditamos que esse mundo pode tornar-se uma experiência muito melhor para todos. Basta se ouvir os solos de Lia e os acordes de Olga.   
  

HERÓI TUPINIQUIM

 
Show do Tom Zé no Rio de Janeiro
Teatro do SESC, Junho de 2015
 
HERÓI TUPINIQUIM
Celso de Lanteuil
Rio, 17 de Junho de 2015
 
Pensei em eleger um herói
Herói desse povo da terra Brasil
Fui lá atrás e me lembrei do Ahanguera
Do último dos Tamoios, Tupis e Tupinambás
 
Quem sabe poderia ser Calabar, Joaquim José da Silva Xavier
Zumbi dos Palmares ou Antonio Conselheiro
Ou esse nome qualquer que se perde na multidão
E no anonimato da vida, constrói essa nação
 
Mas tenho que escolher um nome, nessa lista que não termina mais
Poderia ser Padre Cícero, Luiz Gonzaga, o Gonzagão
Aquele que voou como um pássaro, o Alberto Santos Dumont
Quem sabe Manuel Seixas que lutou pela abolição
 
Fico zonzo só de lembrar, na quantidade de gente que há
Que vai atravessando o tempo sem sua marca apagar
Resolvi escolher um nome, para nesses versos celebrar
Sem pretender eleger o melhor, mas sim uma força nacional
 
Vai ser alguém que de inventor tem de tudo
Cuja a cabeça, frequenta o amor, a paz, a alegria de festejar
Porque nem mesmo sei, se é possível se classificar
Alguém como esse tipo, um artista da revolução

Um poeta bicho do mato, um ícone da libertação
Porreta, arretado, simples na sua tradição
De pensador criador, de um mundo com inspiração
Não é o Rei Pelé, Caetano, Millôr, Éder Jofre, nem Maria Ester Bueno
 
Também não é Machado de Assis, João do Pulo, ou Leila Diniz
Poderia ser o Fio Maravilha, Dida, Silva, Gerson, Garrincha, Zico, Zéquinha ou Pavão
Quem sabe o Biriba, Villa Lobos, Barão de Mauá ou Oswaldo Cruz
Talvez um Chico Xavier, o médico Zerbine, a valente Chiquinha Gonzaga
 
Mas meu herói de hoje é do palco, do povo, da arte, da mente
É um “Pirulito da Ciência”, um Bandeirante libertador
Que quando canta transcende, música, filosofia, encanto, revolução
Esse nome é Tom Zé e fico hoje por aqui

O EDITOR

Livreiros, editores e autores, sabem resistir
Palácio de Cristal, Feira do Livro. Porto, 2015
O EDITOR
Celso de Lanteuil
12/11/2015

Bom se descobrir
No meio de tantas pessoas perdidas
Afoitos em busca de uma felicidade rápida
Carentes por uma matéria qualquer
Seja jóia, grife, avião, qualquer tipo de ostentação

Que existe também uma outra gente
A trabalhar sem parar
Garimpando na escuridão
Até achar essa luz que pode guiar
Nos levar para outros lugares

E lá nos largar, a correr e voar, a brincar e cantar
Sofrendo, lutando, fugindo
Dos medos, das dores
Arriscando abraços e sonhos
Errando para um dia acertar

Acertando as palavras
Que quando se juntam, nos ajudam a avançar
E enxergar um pouco mais na frente
Sendo poeta ou não
Tudo isso por uma missão

Porque entre tantas profissões
Das mais variadas vocações
Foi escolher justo essa
Para nos fazer querer mais
Mais saber, mais emoção

E quando nos abre os olhos
Nesses tempos de escuridão
Escrevendo, relendo, revisando
Editando sem poder parar
Faço minha homenagem, por ser você um editor